27/12/2009

26/12/2009

12/11/2009

Anoitece

Imensa noite de eterno silêncio
Céu cravejado de infinitas estrelas
Misteriosa brisa, seduz.
Cúmplices, as árvores, trocam segredos
Dançam ao ritmo das sombras.
Sonhos crescentes na míngua do tempo
No confronto da luz perdem-se medos.
Leva-me, Lua Nova!
Leva-me, Lua Cheia!

11/11/2009

O grilo

Canta o grilo, de casaca,
noite e dia, sem ressaca
gri, gri, gri,
gri, gri, gri
tem bom ouvido
fica quieto e mudo
se escuta algum ruído
gri, gri, gri
Canta com mesma garra
que a famosa cigarra
gri, gri, gri,
gri, gri, gri
vestido sempre a rigor
sem cerimónia de gala
como merece um bom cantor

28/10/2009

Regresso

Renovado, regresso consciente de ter renascido. Grato a quem se empenhou e me deu apoio. Afastado das palavras e não das pessoas (algumas). Na sua ausência entrego-me ao silêncio da pintura.
Mudanças em curso. História a cumprir-se. Destino incerto, tal como o caminho, vago é ser lúcido porque não se adivinha. Não sei para onde vou, sei que não fico por aqui. Rumo além de mim.
Na apatia aparente revi gestos, palavras e gente.
Se com pedras se ergueram castelos (e também se destruiram) com pedras se fizeram estradas e barraram caminhos. Quero o meu livre, para fazer de algumas marcos da minha passagem.

09/08/2009

Até já

Vou indo…passarei os proximos 10 dias na horizontal, com tudo pago. Há 2 anos que esperava esta oportunidade. Será a minha prenda no próximo dia 11. Não convido ninguém mas Deus não faltará. Não deve haver bolo nem champanhe. Festa sim, com farpelas azuis e brancas.
Vou carregar pilha e espero bater o coelhinho da Duracel.
Levo muitos de vós na minha memória que desejo manter intacta. Quem entrou no meu coração não sai e quem está de fora, comigo no seu, pode entrar.
Esperem por mim. Prometo mudanças. Até já

22/07/2009

Sem título

 
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Pedro Arunca
Óleo s/ tela 46x61

10/07/2009

Samuel é marinheiro




Marinheiro corajoso
não sabia nadar
Num dia tempestuoso
viu seu barco afundar
a voz grossa e rouca
de pouco lhe valia
levou as mãos à boca
como o mestre fazia
Encheu o peito de ar
e gritou tanto, tanto
Fez-se ouvir em Qatar
Nunca acontecera antes
Pra seu próprio espanto
uma manada de elefantes
tirou a água ao mar
Foi a pé para casa
Quando lá chegou
tinha os pés em brasa
Meteu a chave à porta
mas não entrou
A chave estava torta
Entrou pela janela
aberta para o quintal
Na cama dormia a cadela
que nem deu sinal
No tapete fez paragem
e adormeceu no chão
cansado da viagem
Sonhou ser capitão.
-Samuel, acorda! Tens natação.
__________________
Desenho oferecido pela Debbie

29/06/2009

Como sou

Com palavras sábias
certezas e utopias
experiência e conhecimento
instinto e fé
construo meu caminho
Com lições de convivência
ditos e filosofias
acrescento pedaços alheios
Farinha de um grande saco
meu grão não é único
meu tempo também não
nem mais nem menos
sou fracção e produto
duma grande equação

01/06/2009

Presente do dia

Olha para mim.
O teu presente sou eu!
Dá-me a tua mão
leva-me onde quiseres
hoje nada te nego. Nada
vou seguir teus passos
estar atento às tuas palavras
jogar aquele jogo maluco
fazer pipocas
comer gelado
ver desenhos animados
jogar bowling e futebol
dar chutos na bola
desenhar um barco
dar cambalhotas
andar descalço
fazer uma tenda no teu quarto
O que dizes?
-Eu quero ir ao "Mec"!
Ao Meco?
-Não...ao Mac do Colombo.
Outra vez? Isso não. Fomos lá ontem.
-Vamos amanhã?
Amanhã, tenho de ir trabalhar.

05/05/2009

Entre a tela e o mar


Barco/Óleo s/tela (46x61)
Pedro Arunca 2009/05/05

04/05/2009

Chuva

Chuva, divina chuva
minha alma lava
meu corpo enxuga
Leva o frio
Traz o vento
Meu arrepio
Teu momento
O céu cumpriu
Ameaça cinzenta
Alguém tingiu
A água benta
Chuva, divina chuva
minha alma lava
meu corpo enxuga
Pelo ralo
Foge a folha
não me calo
Solto a rolha
O rio imundo
no mar rebenta
Esconde o fundo
Maré barrenta
Chuva, divina chuva
minha alma lava
meu corpo enxuga

27/04/2009

Tourada


Tourada/Pintura a óleo (50x70)
Pedro Arunca 2009/04/27
Obs.: já tem dono
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21/04/2009

Mais tela do que mar

É por estas e por outras que me ausento (das palavras e das pessoas).









08/04/2009

Ver ao perto

No rosto apagado
ergue-se, aceso, um cigarro
O fumo dá contorno às palavras
que se dissipam
ninguém as ouve,
ninguém as lê
Olhar fixo no horizonte
onde nada acontece
Histórias comuns
de ontem e de amanhã
Há passado e futuro
quando a Terra gira
Acorda gente
Acorda mundo
Deixar de fumar
Treinar o gesto
Usar lentes de ver ao perto
Deixar aproximar
Aqui, tudo mudará

11/03/2009

Composição

Almoço tardio
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04/03/2009

A fuga dos peixes

Nevoeiro no mar profundo
Um anzol prende o mundo
De inocentes predadores
a incautos pescadores
com redes de malha fina
rapamos o chão da mina
Já não molhamos os pés
no confronto das marés
os peixes entenderam
e não desobaram
abalaram sem rasto
escolheram um astro
A Lua perseguidora
já não é enganadora
O Sol mudou de turno
nosso sono é diurno.
____________________
Pedro Arunca (poema e imagem)

03/03/2009

Nas tintas


Barcos/Virgílio Sousa/Março 2009


Não pisem as papoilas/Pedro Arunca/Março 2009

Este foi o resultado dum encontro de amigos para a minha iniciação nas tintas.
O Gigi foi ao mar e eu fiquei em terra.
Ontem foi um dia diferente. Ele levou um robalo e eu vim de lá com uma salema.
Obrigado amigo, pela tua disponibilidade e incentivo. O próximo vai para ti.

03/02/2009

Pintado de fresco


Pintura a óleo de Virgílio Sousa (2009/Fevereiro)

No teu solo branco e nu
podia escolher o fundo
deitar palavras
ancorar o mar
fixar estrelas
pintar gente
colar coisas
pegar fogo
deixar pó
desenhar o mundo

No teu fundo vago e tosco
podia simplesmente
falar do horizonte
amarrar a vaga
criar o espaço
moldar o ser
colocar cor
ver arder
ser grão
tornar diferente


_________
Pedro Arunca
2009/02/03


Ao meu amigo Gigi, com um abraço. Obrigado pelo quadro (e jantar). Prepara-te para a minha Freijoada de Gambas.

30/01/2009

Janeiro

Janeiro friorento
manda chuva
manda vento
Congela o momento
do calor dum beijo

Lareira quente
pede lenha
pede gente
Conforta a quem sente
o lume no peito

Inverno de chama
dá terra
dá lama
Aquece a quem ama
o centro do leito

Serra nevada
quer tudo
quer nada
Esconde a madrugada
o sonho perfeito

Noite gelada
tem arrepio
tem geada
Apetece almofada
a quem nutre desejo
#9

14/01/2009

Contraventos

Branca memória de cava consciência
Oferta de intenções e gestos
Impossíveis contratos de bondade
Brilham gentilezas isentas de emoção
Treinam-se sorrisos magros
Falha o aperto de mão
Um olho não basta ou ser-se iluminado
Quem fala não escuta
Traduzam o sofisma viral
Inocente discurso estéril desculpado
Certificada balança infiel
A quem confiar a carta para Deus?
Promessas vãs
Sonhos do meu Universo

#8