24/11/2007

Partir

Parar para pensar
Apetece-me partir
Levar a saudade comigo
Da paixão, do irmão e do amigo
Terra solta sem raízes
Onde se funde o cimento
A luz esconde os rostos
Ofusca o pensamento
Ocultos edifícios
Infinitas paredes
Sombra isolada
Dos amigos fiéis
Os outros, ausentes
Injusta presença
Gestão danosa
Da agenda de afectos
Seres obtusos
Ignorar regras e sinais
Limites confusos
Caminhos demorados
Acordar na noite
Bendita escuridão
Sábio silêncio
Nada nos impede
O beijo impetuoso
Quem nos domina
Merece-nos
Assim me julgo
Aqui me acuso

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Pedro Arunca
2007-11-24

22/11/2007

Semear palavras

Semear palavras nos mapas que nos rodeia
Lançar folhetos coloridos, aos quatro ventos
Gravar nas pedras e delas fazer monumentos
Colorir os néons com luzes que encandeiam
Nos placard's, a letra de todas as canções
Usar os discursos e tomar todos os momentos
Novas equações para calcular os sentimentos
Inspirar a essência e sentir os pulmões
Escrever todos os significados latentes
No dicionário dos gestos não decifrados
Poder lavrar, de olhos fechados
Cravar, bem fundo, novas sementes
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Pedro Arunca
2007/11/22

15/11/2007

Desafio


Mais 2 convites ( Cantares de Amigo e ZuluDasMeiasAltas) para o mesmo desafio. Não tive coragem de recusar e cá vai o meu contributo:

"No nosso século mecanicista e científico, criámos o hábito de avaliar todas as coisas segundo os grandes princípios adoptados pela ciência e, em particular, conforme a nossa crença no determinismo."

A propósito da mudança de carácter como meio de vencer na vida, do livro "Guia de formação pessoal" (Maurício Tièche/Publicadora Atlântico) que eu li há cerca de 25 anos e que peguei para dar uma olhadela.

Passo o desafio a:

Campoemflor
Life´s Feelings
Páginas
Aspirina
A Boca do Charroco.

Regras:

1ª) Pegar um livro próximo (PRÓXIMO, não procure);
2ª) Abra-o na página 161;
3ª) Procurar a 5ª frase completa;
4ª) Postar essa frase em seu blog;
5ª) Não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6ª) Repassar para outros 5 blogs;
7ª) Divulgar o nome do livro e do autor e editora.

Nota: Compreendo e aceito que não acatem este desafio, no entanto entendo que esta é uma boa oportunidade para nos darmos a conhecer não só pelos nossos livros, mas também será uma forma de divulgarmos os nossos blogues.

14/11/2007

Cartas viciadas

Não entendo o mundo. Estaremos todos cegos?
Sou mero vagabundo, no meio de ilustres pategos.
Ninguém sabe, sequer questiona, para onde vamos.
A verdade está à tona do mar onde nos afogamos.
Recusamos as cores do quadro original.
Discutimos as dores e valorizamos o artificial.
Pisamos o jardim e culpamos o vizinho.
Quem se lembra de mim, quando suja o caminho?
Discursos vazios em papel de seda.
Secamos os rios e queixamo-nos da merda.
Adoramos e aplaudimos a hipocrisia.
Repudiamos e sacudimos a ousadia.
Quem foi o último a dar? O triunfo são espadas!
Também quero jogar, sem cartas marcadas.

11/11/2007

S. Martinho

Dia de S. Martinho,
manda a tradição,
prova-se o vinho
abre-se o garrafão.
Castanhas assadas
- depende do gosto -
cozidas ou piladas.
As uvas no mosto.
Água-pé e jeropiga
animam o magusto.
O povo sempre liga
a vida a um custo
e sabe que merece
suas compensações.
Num copo esquece
Momentos e desilusões
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Pedro Arunca
2007/11/11

06/11/2007

Vamos andando


Já muito nos faz pensar:
imagens, músicas e textos.
Nada nos leva a mudar,
sobram razões e pretextos.
Apenas fingimos sofrer,
porque a dor é alheia.
Não basta olhar e dizer:
-Eu tive uma ideia!
Pouco sei de Economia,
mas faço de conta
que o futuro é mais um dia
e o passado o desconta.
No “deve e haver”
constam os nossos nomes.
Calar, não é viver.
Diminui os homens.
Falamos e rimos,
de tudo e de nada
O importante é irmos
com a vida hipotecada.
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Pedro Arunca

2007/11/06