28/09/2007

Sem poema



Vou fazer deste espaço um lugar para os meus "sem poema". O Verão já lá vai, o tempo arrefece, e os versos se não forem usados também definham e morrem. Ficarei atento aos que mais resistirem e lhes darei abrigo num poema que os mereça.

Horas tardias
Uma janela com luz azulada
Alguém vencido pela madrugada
ligado na solidão
O sono franqueado
sonho agitado
trabalho forçado
horário trocado
companheiro fechado

27/09/2007

Amor em tempo de guerra (versão reduzida)

Teu busto fronteiriço
Meu corpo, trincheira
Trombeta estridente
Grito alvorado
Rio mortiço
Ponte de madeira

Nuvens escuras
Olhos de cinza

Teu rosto escondido
Minhas mãos, lanças
Trovão emergente
Raio dourado
Pombo ferido
Águas mansas

Chuva anunciada
Lágrimas negras

Tua boca fechada
Meu peito, brasão
Tempestade eminente
Luz prateada
Terra alagada
Sem chão

Vento suão
Afago quente

Teus olhos profundos
Meu coração galopante
Sinfonia tangente
Hino de paz
Dois mundos
Reino triunfante

Véu de estrelas
Diamantes suspensos

Teus braços em arco

Meu sorriso glorioso
Tambor presente
Seta que jaz
O trono é barco
Mar imperioso

Lua Nova
Espelho divino
_______
Pedro Arunca
2007/09/27

Amor em tempo de guerra

Vigio o teu busto fronteiriço
Do meu corpo faço trincheira
Toca a trombeta estridente
Eco de grito alvorado
Separa-nos um rio mortiço
e uma velha ponte de madeira

Manto de nuvens escuras
são olhos de cinza

Teu rosto sempre escondido
Ergo minhas mãos como lanças
Ouvimos trovão emergente
Cai um raio dourado
Há um pombo ferido
num regato de águas mansas

Tomba a chuva anunciada
são lágrimas negras

A tua boca mantém-se fechada
No meu peito cravo o brasão
Há uma tempestade eminente
Um brilho de luz prateada
A terra fica alagada
Sem chão

Acorda o vento suão
é afago quente

Teus olhos grandes e profundos
Meu coração parte galopante
Misteriosa sinfonia tangente
Soa a hino de paz
Encontro de dois mundos
Por um reino triunfante

Um véu de estrelas
São diamantes suspensos

Teus braços formam um arco
Ofereço meu sorriso glorioso
Há um tambor presente
Onde a seta jaz
Nosso trono é um barco
Neste mar imperioso

Lua Nova
Espelho divino

_______

Pedro Arunca
2007/09/27

22/09/2007

Fado para ti

Já conheço todas as ruas
do bairro onde tu moras
Perguntei por ti
Ninguém dá notícias tuas
Vi passar todas as horas
Não sei de ti
Muitas tardes nos cafés
lendo todos os jornais
Pensei em ti
Aprendi a ler as marés
nos muros do cais
Esperei por ti
Falei com muita gente
que se cruzou comigo
Falei de ti
Quem ama, sabe e sente
a dor de um amigo
Chorei por ti
Fui bater à tua janela
Ninguém me respondeu
Chamei por ti
Fiquei de sentinela
Tua porta não mexeu
Gritei por ti
As paixões deixam danos
saudades e dissabores
Rezei por ti
Já passaram muitos anos
Vivi outros amores
Amei por ti
_________

Pedro Arunca
2007/09/22

16/09/2007

Por detrás das palavras

Verbo presente
Sujeito ausente
Olhar directo
Falar certo
Palavra sentida
Emoção vivida
Discurso fluído
Eco nítido
Destino garantido
Caminho conseguido
Testemunho gravado
Desejo realizado

09/09/2007

Versos da minha horta

Abóbora
A ferrugem vai embora
Alface
Melhora a face
Alho
Não confundo com bugalho
Batata
Memória que desata
Beringela
Meu corpo sem mazela
Beterraba
Meu mundo não desaba
Bróculos
Vejo melhoras sem óculos
Cebola
Meu estômago não rebola
Cenoura
Minha vista melhora
Cogumelos
Há feios e belos
Couve
Coração que se ouve
Ervilhas
Tudo corre às mil maravilhas
Espargo
Fico mais magro
Pepino
Minha pele de menino
__________
Pedro Arunca
2007/09/09

06/09/2007

Luciano Pavarotti

Posted by Picasa
No palco, o mundo era uma grande nação.
((((((( Avé Maria )))))))

05/09/2007

Versos afruditos

Já o dia chegava a meio, quando me arrastei até à cozinha na esperança de algo me tentar. Reparei na fruteira e peguei numa reineta. Lavei-a, com água da torneira, porque gosto dela (da fruta!) com casca, e assim que dou a primeira dentada: uma ideia!

Abacate
Animado, nada me abate.
Ameixa
Acaba-se a queixa
Ananás
Mostro do que sou capaz
Banana
Rio toda a semana
Cereja
Porque meu coração deseja
Diospiro
Minha pele não é papiro
Coco
Não corro pouco
Figo
Penso no que digo
Goiaba
Muita coisa me lava
Kiwi
Melhor me senti
Limão
Meu corpo são
Laranja
Tudo cá se arranja
Maçã
Curto uma batida sã
Mamão
Abaixo a inflamação!
Manga
Não é energia da tanga
Marmelo
Vejo corpo mais belo
Melancia
Passo um bom dia
Melão
A vida não é uma prisão
Morango
Danço a valsa e o tango
Nêspera
De que estou à espera?
Pêra
É sempre Primavera
Pêssego
À vida me apego
Uva
Meu corpo enxuga

Como fruta, logo vou à luta…
_____
Pedro Arunca
2007/09/05