25/06/2007

Andar devagar

Precisamos de mais tempo para apreciar cada momento.
Parar, escutar e olhar falar, gravar e fotografar:

o desenho feito na calçada
a porta de madeira talhada

a varanda vestida de flores
os vasos de todas as cores
a pequena flor amarela
o gato que espreita à janela

a roupa presa com mola
o periquito a cantar na gaiola
o eléctrico que vai lento
os rostos talhados pelo tempo
a idosa que sobe a calçada
o garoto que manda piada
o sem-abrigo deitado
o cartão empilhado
o Mercedes topo de gama
o Fiat sujo de lama
as paredes com grafite
as mãos com artrite
o desabafo confidente
a queixa de quem sente
os cartazes de publicidade
os excessos de velocidade
as tascas de rostos parados
os copos e pratos aviados
as pombas e os pardais
as despedidas no cais
os namorados no jardim
os lagos e peixes sem fim.

Tudo fica diferente:
a cidade, as ruas e a gente
____________
Pedro Arunca
2007/06/25

3 comentários:

Alexandra disse...

Vinha agradecer as palavras deixadas no meu espaço e tive uma agradável surpresa!!!

Precisamos de tempo para observar tudo o que aqui foi deixado em escrita poética. Totalmente de acordo!
É um "exercício" que costumo fazer,quando posso. Muita coisa se aprende e muitos olhares deixam marca.

A primeira fotografia pareceu-me Alfama. Pode ser, pode não ser, não interessa. Foi objecto impulsionador de bonitas recordações nesse espaço, onde estudei e me diverti subindo e descendo ruas atrás de ruas, todas elas estreitas e tão tipicas.

Obrigado por me ter proporcionado a emergência de recordações de tempos já vividos mas bonitos. :)

Fique bem!

foryou disse...

Este poema é teu???
(deve ser 1 pergunta parva...)
Gostei mesmo! Acho que a pouco e pouco vou começando a gostar (entender?) poesia.

Ana disse...

Não andes devagar..corre! Passa lá no meu cantinho! Depressa!

Bjs