25/04/2008

Abril

Bocas em surdina,
semeavam ideias.
Na lavra dos homens
a razão, clandestina.
As prisões cheias,
campo de reféns.
A monte, sem eira.
Noite companheira.
Na sombra dos livros,
ocultos perigos.
O poder, de uniforme,
governava a fome.
Canções caladas.
Poemas de alerta.
Palavras vigiadas.
O sol era quadrado.
Calava-se o poeta.
O cerco apertado.
No ponto de mira,
o destino africano.
Cada bala no cano,
uma vida que tira.
Luto nos pelotões.
O sangue nas fardas:
medalhas manchadas.
Cartas negras. Lições.
Mas a fé não abala.
Na aldeia e na sanzala,
reza-se pela mudança.
A paz tem muitas cores.
Nos quartéis de esperança.
Soldados em marcha,
empunham flores.
Derrubam as barreiras
e mudam as bandeiras.
Podemos falar.

__________
Pedro Arunca
2007/04/25

3 comentários:

Anónimo disse...

lindo

Maria disse...

Podemos falar, sim. Até quando?

Paula Raposo disse...

Bonito poema. As palavras e a mensagem que elas encerram. Beijos.